O Peso das Pedras
desde 2020

         As pedras pesam porque guardam histórias, são as testemunhas do que não vimos, a prova de épocas anteriores. São misteriosas, são máquinas do tempo. As fotografias também!

O Peso das Pedras é um trabalho fotográfico com origem num entusiasmo por uma presença mineral, por um lugar, por uma topografia, finalmente, por uma compreensão das construções antigas no espaço natural. Olhando para o conjunto arqueológico-fotográfico reconhece-se um interesse pela ruína, pela prova do termo do uso de um edifício ou restos dele. A prova da erosão pelo tempo, pela água, pelo toque humano (pensemos nos degraus de uma escada de pedra).

         O facto de continuar a fotografar a mesma coisa, as pedras, fala da oportunidade de que o aquilo que vemos nos seja devolvido continuamente, adicionando algo novo à nossa compreensão do mundo. Renovamos o olhar sobre aquela pedra, aquela forma, aquele gesto. Gestos singulares e únicos – que nos sussurram sobre alguém que colocou aquilo ali. A pedra que se recolheu e guardou ou a pedra que se talhou e assentou. Pedras para serem vistas ou adoradas, para aguentarem ou protegerem.

         O Peso das Pedras é um corpo de fotografias sempre em devir, cuja forma ideal é um objecto performático composto por capas e mais capas, bidimensionais de elementos tridimensionais entrecortados por “esta mão” que acaricia, agarra, talha e recolhe.
Quer-se, aqui, opor o declínio e a decadência do vestígio e da destruição à eterna reconstrução que tem na mão o seu monumento.

Manual de instruções : Todas as fotografias que compõem esta peça, no momento em que é apresentado, estão unidas em dois pontos no lado mais pequeno da peça. Estes dois pontos correspondem a perfurações equivalentes em cada impressão de maneira a criar a ideia de um imenso caderno vertical. Este caderno será pendurado com dois ganchos de maneira a que as “folhas” possam ser levantadas de um lado e de outro. Este objeto impede que vejamos cada fotografia de forma completa, valoriza as páginas em branco, respeita os encontros aleatórios de duas pedras (duas fotografias) e, sobretudo, é pesado. Tornando cansativo o movimento de levantar cada capa, camada, para ver a seguinte.